quinta-feira, 13 de março de 2014

Que o único protagonismo seja o da luta!




Nas últimas semanas nos deparamos com reportagens citando pré-candidatos às próximas eleições como líderes da juventude nas manifestações de 2013 em Pernambuco. Nós, da FRENTE INDEPENDENTE POPULAR DE PERNAMBUCO (FIP-PE) encaramos esta, e similares afirmativas, como uma agressão ao povo pernambucano já cansado dos mesmos discursos e práticas. Uma ofensa a todos/as companheiros/as que foram às ruas durante o ano de 2013 exercer seu direito de livre manifestação, e foram humilhados, perseguidos, agredidos e presos pela polícia fascista do Estado de Pernambuco a mando de seu chefe, Eduardo Campos.
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Uma das principais características do movimento que se estabeleceu no Brasil a partir de junho foi a negação de todas essas agremiações partidario-eleitoreiras e suas formas de dirigir/manipular as manifestações, usando das lutas do povo pra barganhar espaços, cargos no Estado e acúmulo eleitoral. Não reconhecemos a liderança dessas pessoas, nem compactuamos com a prática dos que desde o início viram nas manifestações um meio para autopromover-se. Dessa forma, repudiamos veementemente todos os que tentam usar da luta legítima do povo pra promover agremiações e projetos pessoais. Estes não falam em nosso nome, não falam em nome dos que foram às ruas, que levaram balas de borracha, foram perseguidos, presos, humilhados, intimados e intimidados. 
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A Frente Independente Popular de Pernambuco (FIP-PE) nasceu do rompimento com estes grupos exatamente por discordar do caráter oportunista com que almejam imputar líderes as manifestações populares. Estes estão à frente de inúmeras entidades estudantis, sindicatos e coletivos diversos, mas durante todo o ano passado não mobilizaram suas bases para participarem dos vários atos que aconteceram durante todo o ano. São vampiros  acostumados a ocupar cargos e entidades, utilizam destas para financiarem seus partidos, não a luta. Suas participações nas manifestações seguem a lógica de levar sempre mais bandeiras que militantes. 

A traição desses grupos, governistas ou não, ficou clara para nós em diversos momentos. Estes romperam com os estudantes nos momentos mais importantes em que a resistência se fazia necessária. Exemplos disso foram as ocupações da Câmara dos Vereadores do Recife onde após ‘negociarem’ com os parlamentares, se juntaram para acabar com a ocupação no meio da madrugada. Não satisfeitos, fizeram o mesmo na ocupação da Reitoria da UFPE, onde se juntaram para mais uma vez abandonarem a ocupação no meio da madrugada e criminalizar os que defenderam a resistência. 

Estes senhores que hoje se apresentam e se autoproclamam “lideranças da juventude”, ou “representantes dos anseios das ruas”, vestindo sem qualquer escrúpulo a capa do oportunismo, a muito não tem organizado qualquer tipo de ato ou manifestação. Não fazem trabalho de base, como abutres, esperam a oportunidade de surfar em atos que nunca se dispuseram a organizar. O caso mais recente e notório, o rolezinho no Rio Mar, os “entrevistados profissionais” e agora candidatos tentando aproveitar da repercussão na mídia, foram aos monopólios de imprensa se apresentar como líderes de tal movimento. Habituaram-se à prática de confirmar presença em todos os atos e apresentarem-se como organizadores. Nós, membros da FIP, não procuramos qualquer veículo de comunicação para explicar o que era o rolezinho. Optamos por fazer uma intervenção de fato massiva no tal shopping dentro do ato anti-copa do dia vinte e cinco de janeiro, sem que qualquer um de nós disputássemos o protagonismo da manifestação.


Por último, o pré-candidato ao governo do Estado, Paulo Câmara, afirmou que sentará com o Movimento Passe Livre de Pernambuco para discutir as pautas deste. Tal afirmativa se deu após receber a camiseta do Passe Livre de um assessor do vereador Raul Jungmann; partido esse que se contradiz em suas práticas ao falar que apoia os estudantes e ao mesmo tempo declarando apoio à chapa do governo
que ordenou a perseguição política, o espancamento e a prisão de estudantes e trabalhadores/as nas manifestações do ano passado.


A FIP-PE desde seu início empunhou a bandeira do Passe Livre e continuará a defendê-la. Não acreditamos nesta democracia de mentira, continuaremos denunciando o oportunismo dos palanques eleitorais nas manifestações e repudiando os alquimistas que querem transformar a luta em votos! Nós, integrantes da FIP-Praieira, reafirmamos nosso objetivo de desmascarar todos os carreiristas e surfistas eleitorais. Seguiremos destacando nosso posicionamento INDEPENDENTE desses partidos eleitoreiros. Reafirmaremos a cada batalha e sempre que o único protagonismo que nos interessa é o da luta e que nossos sonhos não cabem nas urnas!
Nossos sonhos não cabem nas urnas!

domingo, 9 de março de 2014

3º Ato #NaoVaiTerCopa PE



50 anos do golpe militar e a ditadura ainda não acabou: 3 - Ato #NaoVaiTerCopa PE
Bombas, balas de borracha e gás lacrimogêneo: essa é a política de segurança do velho Estado e única resposta dada ás manifestações populares, que tomaram as ruas do país desde junho do ano passado. Todas as insatisfações condensadas e resumidas em uma só frase: NÃO VAI TER COPA!!!

Nesse ano, o povo lembra os 50 anos do golpe militar fascista, que aboliu o Estado de direito, fechou o congresso, perseguiu, matou e mutilou os verdadeiros filhos da pátria em nome da manutenção de uma ordem injusta e da exploração do povo por interesses estrangeiros alheios ao país. Documentos revelados a pouco dão conta que o golpe de 1 de abril de 64, que implementou o regime dos generais, foi não só apoiado, mas pensado, planejado, controlado e executado de fora do país. Foi contra essa tirania que os jovens de toda uma geração se levantaram, Brasileiros que deram a sua vida para construir um país liberto daqueles que o exploram e o mantém na pobreza a 500. Foram presos, mortos, torturados, muitos estão desaparecidos até hoje!

50 anos depois do odioso golpe que implementou o regime civil-militar fascista contra o povo, a ditadura ainda não acabou. As manifestações que tomaram o país escancaram a verdadeira farsa da democracia em que vivemos. Prisões políticas, ações ilegais, intimações, intimidações, leis de exceção, tudo para garantir mais uma vez a manutenção de interesses externos ao país e os lucros da FIFA. Um governo que se propõe a gastar mais em um evento privado de um mês do que gastou na Educação em 4 anos não pode representar o povo. A Copa é uma desculpa para saquear a nação! Para o povo ela se traduz apenas em remoções forçadas, higienização das cidades, aumento das tarifas do transporte e precarização do serviço público oferecido à população.

A promulgação de leis tais como a lei anti-distúrbio, a nova lei de organização criminosa, lei geral da Copa e a lei anti-terrorismo - aprovadas as pressas por um congresso corrupto, sob a histeria dos monopólios de comunicação da dita "Imprensa livre", que ironicamente pede cada vez mais repressão para o povo - não tem por objetivo combater o crime organizado como falam, já que até hoje não se precisou de leis desse tipo para combatê-lo. A verdade é o Estado brasileiro é o maior criminoso da nação, é ele quem organiza a exploração e espoliação do povo a séculos, o crime organizado está no poder!


A disposição de passar por cima de qualquer lei que proteja o cidadão pra sufocar e silenciar as manifestações, revela a natureza fascista do Estado e a mentira que vivemos em um Estado de direito. Cenas como as que vimos em São Paulo no ultimo dia 21 de fevereiro, dão conta de que a aprovação dessas leis fascistas não são pra combater o crime, mas para silenciar o povo!!! No ano passado, os governistas afirmavam que as manifestações populares iriam levar a um novo golpe militar. A verdade é que o próprio governo Dilma se encarregou de reeditar um novo AI-5 contra o povo!


Ato da FIP-Praieira no desfile militar, pela punição dos torturadores de ontem e hoje, 7 de setembro 2013.


Como disse o poeta Renato Russo, "Abra os olhos e o coração, estejamos alertas porque o terror continua, só mudou de cheiro e de uniforme"

"Eu sou a lembrança do terror
De uma revolução de merda
De generais e de um exército de merda
Não, nunca poderemos esquecer
Nem devemos perdoar
Eu não anistiei ninguém"



Repressão contra passeata no Recife 7 de setembro 2013








Horário, local da concentração e demais detalhes ainda serão ajustadas nas próximas reuniões da FIP.

sábado, 8 de março de 2014

Carta aberta das militantes da FIP sobre o 8 de março.





Armadas com coragem pra enfrentar o patriarcado!



Dezessete de fevereiro de dois mil e quatorze, o machismo faz mais duas vítimas: Sandra Lúcia, Professora, 40 anos, e seu filho Icauã de 9 anos. Foi Sandra, poderia ter sido qualquer uma de nós. São, todos os dias, mulheres mortas no campo e na cidade, vítimas de seus algozes maridos, irmãos, filhos, pais. Estupros, abortos clandestinos, assédios morais, físicos e psicológicos no trabalho, no ônibus, em casa, na rua. Há o que comemorarmos?




O Brasil ocupa a 7ª posição na listagem dos países com maior número de homicídios femininos*. Segundo dados do IPEA (2013)*, ao avaliar o impacto da Lei Maria da Penha sobre a mortalidade de mulheres por agressões, por meio de estudo de séries temporais, constatou-se que não houve redução das taxas anuais de mortalidade.

A criminalização do aborto no Brasil, além de deixar latentes as rachaduras na nossa laicidade, mata a cada dois dias uma mulher pobre, vítimas de abortos mal sucedidos, da completa, covarde e inadmissível omissão do Estado brasileiro, e da grave violação dos direitos da mulher.


Ainda recebemos menos no mercado de trabalho executando as mesmas funções (Segundo pesquisas, as mulheres têm em média mais anos de estudo que os homens). Ainda fazemos dupla jornada. Ainda somos condenadas a papel de mãe/esposa/dona de casa. Ainda culpam a nós e nossas roupas em vez de culpar o estuprador. Ainda acham que somos alvos fáceis quando bebemos. Ainda nos tratam como mercadorias nos comerciais, ignorando nossas diferenças, e fingindo simplesmente não existir mulheres negras e trans. Ainda acham que uma “piada”, mesmo cruelmente opressora sobre nosso gênero, é só uma dose de humor. Nossos corpos e opiniões ainda são perseguidos pelas religiões: padres, pastores e rabinos que insistem em nos macular e nos expor uma velha moral que precisa e será derrubada!

Se os membros da FIP-PE tem motivos para gritar NÃO VAI TER COPA, as mulheres praieras tem motivos dobrados: Esse megaevento privado, símbolo do imperialismo, insiste em usar nossos corpos, a nos exibir como objetos de consumo. O Estado brasileiro fazendo questão de manter a fama de país do futebol e do sexo fácil, propagandeia a prostituição, sendo financiado, inclusive, por patrocinadores como a Adidas, que claramente expõe em seus produtos e mídias o Brasil de pernas e portas abertas para o turismo sexual.   


No nosso Estado a repressão policial é triplicada às militantes femininas, onde somos assediadas e agredidas inúmeras vezes, com o objetivo de nos provocar e humilhar. Também em Pernambuco, o então secretário de defesa social Wilson Damázio provou as nossas denúncias ao dar entrevista alegando que as mulheres que foram estupradas por PM sofreram a violência por terem “se insinuado ao não resistirem em um homem fardado”. Nada, além de mais e mais atentados às pessoas e principalmente às mulheres, podemos esperar de um governo que tem como secretário um homem violento e claramente machista. O governador Eduardo Campos não tomou qualquer atitude, ou fez qualquer pronunciamento sobre o caso. O afastamento do secretario foi de iniciativa do próprio para defesa do presidenciável.

Recentemente, o secretário de Patrimônio e Cultura de Olinda, Lucilo Varejão, declarou aos jornais que durante o carnaval, nós, mulheres, também somos atrações turísticas. As palavras do secretário, mais uma vez, feriram de morte cada uma de nós, que diariamente lutamos contra a mercantilização do nossos corpos, e só nos comprovou, mais uma vez, que a grande mídia e o Estado são tentáculos da misoginia e do machismo arraigados nessa sociedade, e que devem ser combatidos de frente! Nosso corpo não é objeto ou produto a ser vendido! 


Compreendemos, dessa forma, que o machismo é um braço forte e violento do sistema capitalista, e só, e somente só, numa sociedade emancipada, livre de todas as opressões, que poderemos ter autonomia sobre nossos corpos e nossas vidas. Sem patrão, nem machão! Somente unidas as mulheres podem romper com os grilhões da moral burguesa e dar adeus, definitivamente, ao patriarcado opressor e assassino!

Por esses e todos os outros motivos, estamos aqui pra gritar: 08 de março não é dia de festa! Não queremos suas flores! Exigimos respeito!


Somos mulheres e não mercadoria!
08 de março é luta!
Revolucionar é preciso!
Viva à luta feminista!
Viva à luta popular!