quarta-feira, 28 de maio de 2014

Liberdade ao prof. Saibaba

Ativistas da FIP-PE na ocupação do cais José Estelita.
Com informações do jornal A Nova Democracia.

Nós ativistas da Frente Independente Popular de Pernambuco manifestamos nosso repúdio a prisão arbitrária pelo Estado Indiano do Prof. Dr Saibaba no dia 9 de maio e nos somamos a campanha internacional pela sua liberdade. Dr. Saibaba é um firme ativista dos direitos do povo que tomou parte nas campanhas de solidariedade à resistência na Palestina e no Iraque; nas lutas do povo para a autodeterminação na Caxemira e nos estados do nordeste da Índia.

Artigo de: http://www.anovademocracia.com.br/no-131/5359-india-liberdade-para-o-professor-saibaba

domingo, 18 de maio de 2014

Nota da FIP (Praieira) sobre os saques em Pernambuco




A greve da PM abalou Pernambuco, não por sua extensão ou radicalidade, mas pela resposta popular à ausência de “autoridade”. Na quarta-feira, 14 de maio, após um protesto contra mais uma morte, por atropelamento, na BR-101 norte, populares saquearam as grandes lojas no centro de Abreu e Lima. No dia seguinte, as cenas de saque se repetiram nas periferias da cidade. Mesmo depois do fim da greve dos policiais, lojas foram arrombadas em São Lourenço da Mata, “a cidade da Copa”.

Os jornais impressos e televisivos, dos monopólios de comunicação, foram unânimes em seus adjetivos: “criminosos”, “vândalos”, “vergonha”. Cobram a punição exemplar e rigorosa dos “saqueadores”, exigem a recuperação das mercadorias “roubadas”, cobram apoio do governo aos comerciantes prejudicados. Cumprem o papel da imprensa burguesa e defendem com firmeza os interesses de seus maiores anunciantes: Eletroshopping, Bom Preço e Insinuante.

Por traz do discurso moralizante, envergonhado, que destaca a cena de uma mãe que devolve o pertence saqueado pelo filho, está a intenção de apresentar o povo como bandido. Esta imprensa faz isto todo dia, do Jornal “Nacional” aos Cardinots da vida, são os mesmos que chamam a juventude combatente de vândala e baderneira.

No twiter da Rocam, ao anunciarem o fim da greve, postaram: “quem roubou, roubou, quem não roubou não rouba mais”. Grande mentira, no Brasil se rouba todo dia, o imperialismo saqueia nossas riquezas, a burguesia assalta a classe operária e o latifúndio assassina os camponeses, e tudo isto com a proteção da polícia. Chamam o povo de covarde por só saquearem em dia de greve, covardes são eles que para seguir espoliando o nosso povo precisam, cada vez mais, da proteção policial.


O povo não deve envergonhar-se. Ainda está presente em nossa memória os saques dos sertanejos, nos períodos de seca, quando o povo abandonava seus cantos para requisitar do comércio o necessário para viver. “Mas não existe fome na região metropolitana”, contestará alguém. Ledo engano, passa-se fome sim nas cidades brasileiras. Uma grande parte de nossa população não se alimenta direito, até o feijão está faltando a mesa. Ou para utilizar o exemplo do grande cientista Josué de Castro que dizia que a fome no sertão é epidêmica (episódica) e na zona da mata é endêmica (cotidiana).


“Mas não roubaram só comida”, responderia outro. É verdade, muito se saqueou de utensílios domésticos. No entanto, as emissoras que hoje se escandalizam com o saque de geladeiras e máquinas de lavar, são as mesmas que vendem a ideia de que bens de consumo traz felicidade. Pois é a fome destes bens que o povo está matando.

Se diz violento o povo que saqueia, mas não se vê violência na carência absoluta das coisas. Imaginem uma mãe de família que vai ao supermercado, todos os meses, com a filha, inúmeras mercadorias expostas, coisas bonitas, gostosas, que ela nunca poderá comprar, mas todos os meses é obrigada a encarar como símbolo de sua derrota nesta sociedade de consumo. Não seria violento isto? Ou o pai, que assiste TV com o filho, e a todo instante comerciais sobre a maior televisão do mercado, do celular mais fuderoso da cidade, coisas que ele nunca poderá comprar. A barragem estourou e este ódio contido, por vezes resignado, arrastou tudo que encontrou pela frente.

Não foi a primeira greve da PM em Pernambuco, nem mesmo a mais extensa. Recentemente, na Bahia, ocorreu uma longa greve de policiais. Mas nunca havia se registrado esta onda de saques. Isto é motivo de terror para os exploradores. O velho Estado reacionário está falido, desmoralizado, sem a mínima autoridade. Quem são os políticos, os juízes e os policiais para dizer que é imoral saquear? Logo eles, que assaltam os cofres públicos e os cidadãos todos os dias. Aí está a “democracia e o direito” que a burguesia tem a nos oferecer: a democracia com tanques nas ruas, com tanques do exército protegendo o Carrefour da Imbiribeira e a Copa do Mundo da Fifa.
O apodrecido Estado, cada vez mais, revela sua essência: a violenta repressão contra o povo. Não existem princípios “universais e humanos” que coesionam esta sociedade, basta faltar a polícia para este mundo desagregar. Isto revela que a força repressora e assassina é o serviço essencial que o velho Estado tem a nos oferecer. Que sociedade é esta que necessita reprimir sua população para continuar existindo? O povo não respeita as leis, porque estas são feitas contra o povo, e porque os primeiros a desrespeita-las são os mesmos políticos imorais que as criaram.

A insegurança, o medo sentido e difundido durante a última semana, sem dúvida alguma será utilizado pelas tendências fascistas que aplaudem o exército nas ruas. Mas isto não é novidade, este já é o caminho trilhado pelas classes dominantes com PT à cabeça. O novo é a crescente revolta popular. Os saques não representam uma perspectiva revolucionária de solução para a opressão, mas são a imagem espetacular da fúria do povo que, apesar de espontânea, se levanta, em diferentes momentos, contra símbolos desta sociedade decadente: as lojas, os ônibus e os bancos. Na cidade de Toritama, polo têxtil do agreste, populares destruíram a prefeitura e apedrejaram a casa do prefeito.

É nesta fúria, nesta revolta, onde depositamos nossas esperanças. É este povo massacrado, pisoteado mil vezes, o único capaz de transformar nosso país. Os reacionários e os desavisados choramingam alguns produtos saqueados. Para sermos sinceros, é muito pouco ainda. A burguesia e o latifúndio devem muito mais ao nosso povo trabalhador. Mas este acerto de contas será mais profundo e prolongado.

A rebelião é justa! 

Os saqueadores de Abreu e Lima-PE
https://www.youtube.com/watch?v=TsixRLfH0nk